O vice-presidente nacional de modernização partidária do Partido Socialista Brasileiro, João Alberto Rodrigues Capiberibe, carinhosamente chamado de Capi, é uma liderança que surgiu do povo.

Capi foi um típico menino ribeirinho da Amazônia. Nascido no pequeno município de Afuá, no Pará, aos sete anos saiu do coração da Ilha do Marajó e desembarcou em Macapá, no Amapá. A convivência amazônica influencia fortemente a atuação política de João Capiberibe.

Aos 17 anos foi para Itaúna, em Minas Gerais cursar Economia, quando ingressou no Movimento Estudantil. Deixou Minas e foi para Belém no final de 1968, quando se engajou na Ação Libertadora Nacional(ALN), de Carlos Marighella para lutar contra a ditadura militar, pagou caro pela sua ousadia: foi preso, torturado e exilado, foi com a família para o Chile, Canadá e Moçambique. Sua companheira desde a juventude, a ex-deputada Janete Capiberibe(PSB-AP), participou junto com ele da luta política, os dois se conheceram na juventude, militaram juntos, foram presos juntos, mais tarde se elegeram juntos desde a primeira eleição do casal, ele para prefeito de Macapá, em 1988 e ela para vereadora da capital.

Durante o exílio, no Canadá, trabalhou na Agência Internacional Canadense para países em desenvolvimento e foi transferido para Moçambique, onde participou das mudanças que aquele país vivia logo após sua independência de Portugal. No livro “Florestas do meu exílio”, de sua autoria, Capi conta a sua história no auge da ditadura, aonde junto com sua família atravessou 3 fronteiras até chegar ao Chile governado por Salvador Allende, onde foram acolhidos. O livro narra essa epopeia e traça um rico panorama da vida política na América Latina e das lutas contra os governos ditatoriais.

De volta ao Brasil, em 1979, trabalhou com Miguel Arraes em Pernambuco organizando agricultores em associações na Zona da Mata e Agreste daquele estado para melhorar suas condições de trabalho e de vida. Também teve passagem pelo estado do Acre, onde foi subsecretário de agricultura do Vale do Juruá, organizou agricultores em cooperativas e fomentou a cadeia produtiva da biodiversidade amazônica, como o cupuaçu e o guaraná.

Foi secretário de agricultura do estado do Amapá em 1985. Eleito prefeito de Macapá em 1988, logo em seguida, em 1989, deu os primeiros passos na implantação da transparência pública no Brasil, publicando em outdoors em frente ao prédio da prefeitura, receitas e despesas do Erário municipal. Foi eleito e reeleito governador do Amapá, no período de 1994-2002. Como governador criou o primeiro portal de transparência de uma instituição pública do Brasil, que serviu de modelo para os primeiros portais do governo federal.

Em 2002 foi eleito senador e reelegeu-se em 2010. É autor da Lei Nacional da Transparência (LC n.131/2009), Lei Capiberibe, sancionada pelo presidente da República em 2009, que complementa a Lei de Responsabilidade Fiscal e obriga a União, os estados e os municípios a divulgar seus gastos na Internet em tempo real. Com a Lei Capiberibe a internet torna-se o meio de comunicação da transparência no Brasil. Um instrumento fundamental, que antecedeu a aprovação da Lei de Acesso à Informação(LAI), no combate à corrupção.

Assim como inovou, a partir de uma experiência prática, com a Lei da Transparência, Capi recentemente, em 2017, deu um passo adiante e criou a Gestão Compartilhada, que, por meio de grupos de WhatsApp e do Facebook, permite a participação ativa dos interessados na execução de obras e serviços realizados com dinheiro das emendas parlamentares de sua autoria. O projeto de Gestão Compartilhada aproxima cidadãos, políticos, serviço público e empresas envolvidas em trabalhos para o Estado, com isso melhora a qualidade dos serviços e obras e permite o controle social dos recursos públicos. A matéria foi aprovada por unanimidade no Senado Federal e está pronta para ser votada no plenário da Câmara dos Deputados.

Nas eleições de 2018, Capi concorreu ao governo do Amapá e mesmo liderando todas as pesquisas políticas perdeu as eleições, pois foi vítima de uma decisão judicial do Tribunal Regional Eleitoral do Amapá, que impugnou sua candidatura na véspera da eleição. A decisão foi revertida tardiamente pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Isso acarretou prejuízos irreversíveis ao processo eleitoral e à candidatura de Capi, ao passo que os eleitores não sabiam da validade da candidatura. Uma lamentável manobra política.

Desde 1987 é membro do PSB, em 2019 assumiu a vice-presidência Nacional de Modernização Partidária, aonde é um dos responsáveis pelo processo de Autorreforma do Partido.